Justice League de Zack Snyder (Liga da Justiça)

A que é que nos leva a paixão? 

Esperem!... Acho que já leram esta pergunta algures neste blog de cada vez que se começa a falar de algo sobre o qual será difícil ser objectivo. Ou, pelo menos, o objectivo que se deveria ser quando escreve-se sobre uma peça de arte ou de entretenimento. Nestas coisas da "crítica" todos temos um ponto de vista. O meu é de alguém que ama Banda Desenhada, lê-a há quase 40 anos, sempre foi apaixonado pela mitologia dos super-heróis e, principalmente, é alguém que adora a editora DC Comics. A Mulher-Maravilha é a minha personagem favorita de qualquer arte e a Liga da Justiça é uma das equipas destes personagens de ficção que mais me entusiasma. Portanto, seguem daqui para a frente por vossa conta e risco.

Dizer que os fãs esperavam há décadas por um filme deste grupo é usar a figura do eufemismo de forma eufemística. Se os filmes da Marvel foram um marco importante na passagem da BD à 7.ª Arte, para os que gostam da DC e do universo desta editora este é o Santa Graal (para mim foi antes o filme da Diana, mas adiante). Falamos dos maiores ícones da 9.ª Arte dos EUA. Falamos da reunião do Super-Homem (não pode ser considerado spoiler dizer que ele volta à vida), da Mulher-Maravilha, do Batman, do Flash, do Aquaman - e ainda do Cyborg (vamos ser claros, nada tenho contra a personagem mas não tem a mesma importância dos cinco primeiros). Durante duas horas vão poder ser entretidos pela dinâmica entre as personalidades destas seis figuras que se unem sobre a égide de uma ameaça global. E é esse um dos maiores méritos deste filme: o entretenimento. Se a seriedade e negritude do Batman v Superman vos fez impressão, então a Liga da Justiça é a antítese que precisavam (eu adorei os dois). se gostam de duas horas sentados numa sala de cinema com a cabeça desligada, então preparem-se porque este filme é para vocês. Argumento simples (talvez simples demais), directo, com uma ameaça que os heróis têm que derrotar depois de conciliarem as diferentes personalidades. 

E que personalidades. Essa é maior força do filme. As trocas de picardias e de miminhos entre as personagens são descontraídas, sérias quando necessário e, acima de tudo, ditas por personalidades únicas. Apesar do Batman sorrir mais do que o Batman deveria sorrir, é ele quem tenta motivar os seus companheiros de equipa a se unirem. Flash assume o lado humorístico e deslumbrado mas não deixa de ser um herói na busca da sua coragem. Aquaman é uma torrente (perdoem o trocadilho) de força bárbara e de masculinidade (talvez o mais diferente da versão da BD). Cyborg é um homem conturbado pelo seu aspecto físico e por poderes que desconhece e o perturbam. E a Diana é a cola que os une. Gal Gadot continua a deslumbrar no papel da Mulher-Maravilha, cada vez mais assumindo ser um dos maiores casting (se não o maior) de sempre em filmes de super-heróis. Por causa do sucesso do filme homónimo temos muito de Diana no filme e a Liga só tem a ganhar com isso. Ela é, tal como esta personagem deve ser, força, graça, determinação e, acima de tudo, compaixão e compreensão. É ela a líder que a Liga precisa e tem.

A história é épica, como todas as histórias da Liga devem ser. O vilão deveria ser mais complexo mas parece que a DC decidiu inflectir para o caminho da Marvel e dar mais atenção aos heróis e menos ao vilão. Ainda assim, somos presenteados com o passado do antagonista, que aparece contextualizado numa visão unida do universo dos super-heróis desta versão de cinema. Poderiam ter ido mais longe? Poderiam e muito, mas para quem acha que estas coisas devem ser servidas de forma parcimoniosa, então têm o prato perfeito. 

Os detractores do estilo de Zack Snyder podem ficar descansados - dos quais não faço parte porque adoro Man of Steel e BvS. O factor Joss Whedon teve o efeito desejado. Existe mais humor e descontracção. A palete de cores é luminosa (o que podem confirmar comparando os trailers pré e pós contratação de Whedon). Ainda assim, a assinatura de Snyder não está completamente ausente. Existe, abordada muito ao de leve, uma temática transversal às personagens: os progenitores dos membros da Liga. Todos têm uma relação ou situação conturbada com os pais, o que é sublinhado em mais do que uma circunstância. Nota-se existir um linha narrativa mais profunda relacionada com esta temática mas que, infelizmente, não é explorada o suficiente. É francamente pena.

Sim, adorei o filme mas nem tudo são rosas. O maior problema é o bigode do Super-Homem. Sim, eu não me enganei a escrever. Quando fizeram refilmagens no verão passado, Henry Cavill trabalhava já no Missão Impossível, onde usa um bigode que não podia cortar. Esse bigode é apagado digitalmente e nota-se - muito. Outro problema, também relacionado com os efeitos digitais, é o uso desnecessário dos mesmos. Quando é que os produtores de grandes blockbusters irão aprender que um pôr-do-sol é mais belo quando verdadeiro e não feito por computador? Os directores de fotografia estão ali para isso. Não será difícil encontrar um bom pôr-do-sol ou, faltando, um ambiente realista capaz de veicular o peso emocional da cena. Num filme desta envergadura e com este orçamento estas duas falhas são grandes demais para passarem despercebidas e serem desculpadas. 

Um filme divertido e entretido em que as personalidades são o forte. Um enredo simplista mas que funciona melhor do que estava à espera.

PS - Não se esqueçam de esperar pelas duas cenas pós-crédito que são, ao mesmo tempo, um gigantesco presente para os fãs da DC e uma preparação para o próximo filme da Liga.

2 comentários:

Unknown disse...


Essa resenha é interessante, me ajudou a perceber alguns detalhes que passaram despercebidos na primeira vez que a vi. Eu vi esse filme porque eu amo os atores que participam dele. Especialmente Henry Cavill , é maravilhoso, guapo e talentoso e também tem muito estilo e personalidade. Eu considero liga da justiça 2017 é um dos melhores filmes do gênero. Acho que a história é boa e divertida. Eu recomendo para uma tarde de filmes na companhia de amigos.

SAM disse...

Antes de mais nada, obrigado pelo comentário.

Sou muito suspeito em elogiar os filmes da DC porque os adoro a quase todos. A Liga falhou aqui e ali, mas é muito divertido e muito melhor do que os críticos fizeram parecer ser que era.