MOTELx - Housewife e It!

O festival MOTELx 2017, a decorrer entre os dias 5 e 10 de Setembro, é um dos momentos cinematográficos mais esperados da rentrée e do Acho que Acho. Vamos lá estar e tentar vos dar uma apreciação dos filmes que teremos a sorte de ver. Passem por aqui todos os dias!


E com estes dois filmes acabou o meu MOTELx. Apesar de, uma vez mais, neste festival, ter visto filmes cada vez mais diversificados, estava com vontade de uma sobremesa mais familiar. Algo entre o gore, com sangue, vísceras e desmembramentos, e o "borra-cueca". E surgiram, para saciar essa fome, Housewife do turco Can Evrenol e o esperado It de Andy Muschietti. Dois filmes muito diferentes mas dentro do "verdadeiro" espírito de um festival de cinema de terror.

Comecemos por Housewife, cujo realizador esteve presente, pelo segundo ano consecutivo (no ano passado apresentou o seu Baskin), no MOTELx. Já no primeiro filme, Can tinha deixado bem clara a sua predilecção por gore extremo, com rituais sanguinários difíceis de digerir pelos que têm estômagos e sensibilidades fracos. Housewive, apesar de ser, como o próprio o diz, um slow-burner, assim que chegamos ao acto final, entremos de cabeça e sem rede no imaginário dantesco do realizador turco. Voltamos ao ritual satânico, voltamos ao uso da carne como barro na arte de cerimónias infernais. A história centra-se numa jovem que, na infância, foi testemunha de um acto demoníaco. Anos mais tarde, abordada por um culto/igreja, é recrutada para um destino escrito nas letras da Besta. Filme curto e directo, não se perde em narrativas paralelas ou momentos de reflexão existencial. Este é um filme que avança em crescendo até à revelação apocalíptica final. Um dos melhores que vi no MOTELx deste ano.

Um dos  filmes mais aguardados deste MOTELx e mesmo nas salas de cinema (onde estreia no próximo dia 14 de Setembro) é a segunda adaptação do livro It do renomeado escritor de terror Stephen King. A expectativa é sempre alta quando envolve este autor, as suas adaptações e um filme de terror que os críticos cedo começaram por classificar como "a ver". No que a mim diz respeito, fico sempre em pulgas quando oiço o rumor que "este assusta mesmo". Habituados que estamos a muitas sensações, a promessa, quase como droga, de sustos valentes, é uma perspectiva aliciante. It não decepciona. Assustador, despoja-se de alguns lugares comuns do ritmo e enredo de filmes de terror para converter os que poderiam não ser convertidos. É com a expectativa do espectador que Andy Muschietti brinca, permitindo alguns sustos verdadeiros e novos. Verdade que estamos de frente a um filme de orçamento pouco modesto (ou muito, se compararmos com outras produções do EUA), mas o realizador faz uso do mesmo, preferindo a escolha criteriosa de momentos a um espectáculo de sustos e gore desconcertantes mas, no final, inconsequentes. Constrói personagens e depois manda-os contra o monstro de serviço. E que monstro. A sua indefinição, aspecto real mas assustador, são o ganha-pão da narrativa aterrorizadora. 

Este Palhaço Pennywise é uma boa adição ao panteão a que pertencem Jason e Freddy Krueger, para citar os mais conhecidos. A escolha de permanecer na década de 80 tem uma razão narrativa (este é apenas o primeiro capítulo... mas auto-contido) e está dentro desta nova tendência de regresso ao passado, à nostalgia dos quarentões (como eu) que foram criados por uma dieta rigorosa de Craven e Carpenter. Quem diria que os Anos 80 seriam fonte de coolness

Dois filmes de verdadeiro terror e gore. Excelente forma de acabar o meu MOTELx. Para o ano há mais!

2 comentários:

inês retorta disse...

Excelente perspectiva de Housewife, apesar de eu esperar algo mais gory do que na realidade foi. Foi um fecho em grande !

SAM disse...

Obrigado pelo comentário. De facto, se o compararmos com o Baskin, este é para meninos. ;-)