MOTELx - Boys in the Trees e Rift

O festival MOTELx 2017, a decorrer entre os dias 5 e 10 de Setembro, é um dos momentos cinematográficos mais esperados da rentrée e do Acho que Acho. Vamos lá estar e tentar vos dar uma apreciação dos filmes que teremos a sorte de ver. Passem por aqui todos os dias!



Boys in the Trees de Nicolas Verso e Rift de Erlingur Ottar Thoroddsen são dois filmes curiosamente similares em enredo (podem estar descansados que aqui não existirão spoilers). Contudo, no que respeita ao resultado final estão em campos bastante diferentes.

Dos dois, o mais interessante, em execução e forma, é Boys in the Trees, um filme australiano de coming of age com pitada de fantástico. A narrativa centra-se num grupo de jovens suburbanos da década de 90. Com a perspectiva da passagem para a idade adulta, todos se vêem na encruzilhada de um futuro que não será igual ao passado. Uns preferem permanecer como sempre foram, outros sonham com melhores possibilidades em pólos geográfica e mesmo climatologicamente opostos. A premissa parece perfeitamente banal (e é) mas a história está recheada de personalidades cativantes, realização e montagem muito próprias e uma abordagem ao sobrenatural que é sempre bem-vinda - a surreal, indefinida. O argumento consegue sempre, mesmo no último momento, desviar-se do lugar comum e apesar do final ser fácil de descortinar, não só não é um problema como não acontece cedo na narrativa. Um filme delicodoce sobre a passagem à idade adulta, com sacrifícios e finais felizes.

Rift tem vários problemas. Conteúdo esparso, longos silêncios que apenas o sublinham e, acima de tudo, um mistério que de mistério nada tem. O final é demasiadamente óbvio e o realizador faz um trabalho muito fraco para o ocultar. Poderia ter assumido o twist mais cedo ou tentado encontrar formas narrativas mais interessantes para o esconder. Tudo seria, claro, um problema menor se as personagens fossem interessantes e a história cativante. Infelizmente, faz-se usar de lugares comuns e de uma frieza que condiz com a paisagem islandesa (se calhar era essa intenção e tive dificuldade em a atingir). Não nos preocupamos com o destino dos protagonistas, o que acaba por ser um mau serviço a uma história de amor entre dois homens que poderia ser recompensadora mas que é ténue e desinteressante. 

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