O que vou lendo! - Erzsébet de Nunsky

Uma das melhores obras de BD que tive o prazer de ler em 2015 foi esta Erzsébet de Nunsky. Desconhecia a existência quer da personagem, quer do autor. No caso do segundo, deveria ser imperdoável desconhecê-lo já que estamos a falar de um português, mas as coisas são assim e não de outra maneira. Contudo, se esta obra é demonstrativa do valor do senhor, então estou mais do que agradavelmente satisfeito. Estou a abarrotar. Quanto à personagem, provavelmente já a terei visto em um ou outro filme, na medida em que a nobre Erzsébet Bathory é conhecida dos historiadores e dos amantes de gore e de serial killers (que, vamos ser honestos, era o que esta senhora era, além de psicopata, perdoem o provável pleonasmo clínico). Tratou-se de um membro da nobreza húngara causadora da morte de dezenas ou, quem sabe, de centenas de jovens residentes das imediações do seu castelo, que capturava e sujeitava às mais hediondas torturas, tudo na busca do segredo da eterna juventude.

O apelo da história de Erzsébet Bathory é mais do que óbvio e a sua vida foi já sujeita a inúmeras adaptações, quer em livro, quer em cinema, podendo esta correr o risco de ser "apenas mais uma". Não é esse o caso, já que o traço e texto do autor e a escolha dos eventos retratados fazem desta uma das leituras mais interessantes de 2015. A narrativa corre como um filme, com quase nenhum texto explicativo dos eventos (excepto os necessários enquadramentos geográficos e temporais), escolhendo momentos que o autor considera importantes para revelar a mente completamente estropiada da violenta nobre húngara. Do que posteriormente li, parece-me que Nunsky escolheu um misto de eventos considerados, hoje em dia, certos de haver acontecido, e outros que poderão estar no domínio da ficção. Obviamente isso não é de todo relevante, já que a forma como o autor os expõe acaba por construir uma narrativa cativante e atmosférica, com desenhos mais do que apropriados à personagem. O perpétuo chiaroscuro funciona de forma óbvia mas perfeita, principalmente tendo em conta o tipo de traço de Nunsky, um caricatural saído de uma gravura do Inferno de Dante ou de uma pintura da Idade Média. Existe verdadeira loucura e terror nas caras e paredes pintadas de sombras e escuridão. 

Uma das obras essenciais na BD de 2015 a ser comprada e lida as vezes que aguentarem, porque a história de Erzsébet Bathory não é para os fracos de coração e de estômago.

2 comentários:

MMMNNNRRRG disse...

obrigado pela resenha crítica... já agora, saiu "Najda - Ninfeta Virgem do Inferno" do mesmo autor na editora MMMNNNRRRG.

SAM disse...

Obrigado eu por terem nos dado esta BD. Continuem com o bom trabalho.