O que vou lendo! - Fatale vol 3 West of Hell de Ed Brubaker (escritor) e Sean Philips (desenhista)


Leiam aqui o post sobre o segundo volume. 

Com o terceiro volume de Fatale, Ed Brubaker e Sean Philips começam a compor o quadro com o aprofundar do mistério. Nos dois primeiros volumes, este estendia-se apenas a uma única e misteriosa mulher fatal, uma beleza capaz de convencer, por meios sobrenaturais, os homens a fazer tudo aquilo que deseja, que, com a sua mera proximidade, arrasta o género masculino para uma espiral de perdição. Tudo isto servido num ambiente devoto ao noir, aos homens perdidos pelo álcool, pelo crime e pelas curvas da falsa fragilidade do sexo oposto.

Com este volume, a escala cresce, geográfica e temporalmente. Quem são as várias mulheres fatais que se espalharam, ao longo dos tempos, pelas paisagens europeias e americanas? Porque estão elas sentenciadas a marcar os homens que se lhe atravessam no caminho? Que mistério circunda estas mulheres, fisicamente iguais, enquanto encontram, de forma mais ou menos clara, uma resposta ao mistério de “quem sou eu”? E que misteriosas criaturas lovecraftianas são aquelas que as perseguem?

Brubaker e Phillps perpetuam uma parceira que parece estar a produzir uma das melhores sagas da sua já longa colaboração, e isso é dizer muito. Fatale é herdeira do ambiente e narrativa de trabalhos anteriores como Incognito, Criminal e Sleeper mas com um toque sobrenatural que não era lugar-comum nestas suas anteriores obras. E que apropriado esse ingrediente é, já que os dois autores não se esquecem da assinatura que lhes tem trazido tantos sucessos e introduzem elementos que conseguem trazer novidade ao seu repertório. Isto tudo numa colaboração que parece acontecer sem esforço, com uma narrativa escorreita e perfeita na colagem entre palavras e desenhos. Ao mesmo tempo, existe um sentimento de banda desenhada “à antiga”, com uma estrutura de páginas e capítulos sem “splash-page” (página com um único quadradinho), um registo europeu e sem perder a noção de surpresa e de entusiasmo a cada virar de página.

Atualmente, uma das melhores coisas a sair da banda desenhada americana, numa editora, a Image, que está a tornar-se - volto a dizê-lo -  numa nova Vertigo, a emblemática imprint da DC Comics para leitores com "discernimento adulto".

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