Hit-Girl e Kick-Ass 2 de Mark Millar (escritor) e John Romita JR (desenhista)


Estas duas BD são a sequela do Kick-Ass original, dos mesmo autores, que teve honras de adaptação cinematográfica. O filme teve sucesso o suficiente para justificar também ele uma sequela (a estrear ainda em 2013)  e estes dois volumes são – à partida – a fonte de inspiração para a mesma.

O maior elogio e também a maior critica que se pode fazer a Hit-Girl e Kick-Ass 2 é que é mais do mesmo.

Um rapaz decide, num mundo “real” como o nosso, imitar os super-heróis que idolatra da BD. Veste um uniforme feito em casa e sai à rua, munido de dois bastões, para fazer valer a sua forma de justiça. Este é Kick-Ass

Hit-Girl é a única que neste universo se pode considerar uma verdadeira super-heroína. Treinada nas artes de combate desde a infância por um pai sociopata, mas munido de um sentido de justiça em modo hiperbólico, torna-se na única força, no sentido mais literal do termo, de combate ao crime no mundo de Kick-Ass. Juntem o facto de estarmos a falar de uma miúda de 14 anos com uma boca de peixeira de Alfama e temos a combinação perfeita para um personagem memorável (tanto que mereceu um volume só para si, mesmo sendo um personagem secundário).

O que temos neste dois volumes é a escalada da violência estilizada e hiperbolizada, onde o sangue jorra aos litros, os vilões e heróis são submetidos aos mais cruéis castigos imagináveis, tudo culminado por batalhas campais onde a cor vermelha é mais abundante que no ato final de Hamlet. Isto amarrado ao belo laço de palavrões metralhados a 1000 à hora mas, diga-se de passagem, metidos em diálogos mega-divertidos, isto para quem consegue acompanhar a boca desregrada dos vários personagens. Basicamente, o universo de Kick-Ass é catarse pura e dura. Gostavas de sair à rua e dar porrada valente e sádica a criminosos? Estes livros são para ti.

Mark Millar, escritor e escocês, deve-se divertir à grande a congeminar estas histórias. Para isso evoca o anão violento e sádico que habita no fundo das tripas e dá-lhe imaginação, palavras, punhos e armas grandes e mega-violentas. John Romita JR, o lendário e excelente desenhista de BD, faz muito mais que acompanhá-lo, antes torna-se num verdadeiro colaborador e coautor, contribuindo com uma linha clara e fluída. Romita é um consumado contador de histórias em BD, capaz de partir o argumento em páginas e quadradinhos dotados de uma leveza reservada apenas aos verdadeiramente talentosos.

Hit-Girl e Kick-Ass 2 estão longe de serem as melhores obras destes dois autores e não será para os mais leves de barriga, mas é também entretenimento no sentido mais puro. Só por isso vale a pena lê-las. E sempre podemos expurgar alguns demônios. É que, hoje em dia, deve haver muita pessoa que gostaria de sair à rua vestido de super-herói e com dois bastões desatar à porrada a muito boa gente. 

6 comentários:

Nuno Amado disse...

Ainda só tenho o primeiro volume, e adorei!
O único problema destes livros é que a Marvel fez asneira com as publicações! Não faz sentido nenhum publicar o primeiro num formato maior que os outros dois! Ou faziam o 1º com dimensões mais pequenas, ou os seguintes maiores... bah...
Não é só em Portugal que se faz asneiras de edição e formato...
:\

SAM disse...

Nuno, por acaso tenho tudo no mesmo formato. Não sei porquê. Tamanho comic e em hardcover.

Optimus Primal disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Optimus Primal disse...

Nuno a Marvel editou tudo no mesmo formato em Premiere Hc e Tpb sc que eu tenho (mas ainda nao li),e só recentemente por causa do filme ai sim editou o volume 1 em ohc,que deve ser o que tu tens.Que esse sim é "filho unico",talvez com o 3 filme se houver edite o 2 volume.

Nuno Amado disse...

Pois, o meu é em OHC e não Premiere como os seguintes. Não vou comprar os outros enquanto não fizerem um OHC com eles... pode ser que publiquem um com Hit-Girl e Kick Ass2!
:D

SAM disse...

Nuno, a esperança é sempre uma coisa boa. Obrigado pelos comentários.