Ver um filme
sem propositadamente conhecer a história, tem as suas vantagens. Quando o
prazer de ir ao cinema ou de ler um livro se substitui ao conteúdo dos mesmos
pode, muitas vezes, trazer-nos inesperados prazeres. Por isso detesto que me
contem o que quer que seja das surpresas que esse filme ou esse livro possam
trazer e, por vezes, isso estende-se à totalidade do conteúdo narrativo. Neste Side Effects foi rigorosamente isso que aconteceu.
Entrei na sala de cinema apenas com o mínimo de informação: o nome do
realizador; alguns dos atores; era falado em inglês. A partir daí, tudo foi uma
surpresa.
E que fantástica
surpresa!
Muito
sinceramente, no que respeita à história e enredo (que podem consultar em
outros sites da especialidade), é tudo quanto me reservo o direito de explicar.
Pode ser que, após estas breves palavras, sintam a coragem de pagar o bilhete e
entrar na sala virgens de qualquer outra coisa que não sejam as informações que
eu próprio disse que tive. E pode ser que tenham a mesma sensação. Ou não!
Soderbergh tem feito algumas ondas já que anunciou ir abandonar a 7.ª arte, sendo este o seu
último filme. Está neste momento a preparar uma série de TV para
a HBO (a mesma cadeia de TV por cabo
que nos deu Os Sopranos, The Wire, Game of Thrones e True Blood)
que consta ser o canto do cisne deste emblemático realizador independente. Chama-se
Behind Candelabra. Curiosamente, a série
era para ser um filme, mas a história, que relata a vida de Liberace, com Michael Douglas e Matt Damon
nos papéis principais, foi considerada demasiado gay pelos executivos de Hollywood.
Com este Side Effects, Soderbergh não larga da sua
assinatura imagética e narrativa, com planos minimalistas e
elegantes, onde as palavras são sussurradas, os ambientes caldos mas, paradoxalmente,
frios, vítreos. Todos os personagens e décors
são colocados num mise en scéne estudado
e distante, providos de hermetismo anti-séptico mas francamente belo, ou
melhor, atraente. Esta estética existe desde sempre, tendo atingido um interessante
apogeu com Confissões de uma Namorada de Serviço
(2009), onde deu protagonismo mainstream (se é que disso se pode chamar
este belíssimo filme) a uma atriz pornográfica, Sasha Grey.
Com já o disse
entro em completo desserviço para com o apreciador de cinema se lhe revelo
qualquer outro pormenor deste filme, portanto, apenas posso reiterar que já se
trata de um dos meus favoritos do ano.
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