O que vou lendo!


Daredevil de Mark Waid (argumento) – 3.º volume

Para um personagem que passou quase 10 anos a (sobre)viver a acontecimentos que mergulhariam qualquer um na mais profunda das depressões, Matt Murdock, o Daredevil (Demolidor em português), parece agora estar comparativamente a viver num paraíso. O que, obviamente, não é de maneira nenhuma verdade, já que estamos a falar de super-heróis, e super-herói que se preze tem de sofrer sempre qualquer (ou muita) coisa.

O veterano argumentista Mark Waid devolveu ao personagem alguma da diversão que estava desaparecida desde o início deste século XXI (não que o que ocorreu anteriormente fosse mau, muito pelo contrário, era fabuloso, mas um fabuloso deprimente). Matt é hoje menos um sorumbático demónio e mais o boémio super-herói sem medo. Neste 3.º volume Waid junta-o ao Homem-Aranha e Justiceiro ao mesmo tempo que o coloca, indirectamente, nas mãos do maior vilão do universo dos super-heróis Marvel: Dr. Destino. Tudo com diversão, muito pathos, claro, mas sempre do lado mais luminoso da equação.

Saga de Brian K. Vaughn (argumento) e Fiona Aples (desenhos) – 1.º volume

O regresso de Brian K. Vaughn à BD americana era esperado com alguma expectativa, desde que a deixou para argumentar séries de TV, nomeadamente, o famoso Lost. E a expectativa não ficou de todo gorada com este Saga, romance de um Romeu e de uma Julieta num cenário de uma guerra “familiar” intergaláctica. Existe um confronto, já antigo, entre duas raças de dois planetas vizinhos (um é o Lua do outro, mas pronto), um dedicado á magia, outro á ciência. Existe uma família: uma mulher, um homem e a sua recém-nascida criança, híbrida destas duas raças. E existem os que os querem ver mortos. Por representarem a paz. Ou será que existe algo mais profundo? Se bem se conhece Brian Vaughn, muito mais irá acontecer após este 1.º volume, porque, como é seu apanágio, cada virar de página é sempre uma surpresa literal, porque não se sabe o que efectivamente pode acontecer. Mas o que raramente surpreende é a qualidade da escrita de Brian, sintética e orgânica, com diálogos honestos, cândidos e bem-humorados.



X-Men e a Saga da Fênix Negra de Chris Claremont (argumento) e John Byrne (argumento e desenhos)

Para quem lê BD como eu há já alguns anos (quase 35), esta história é muito mais que emblemática ou um boa recordação de infância… é História (sim, com H grande). Não só pela qualidade narrativa mas também pela importância dos eventos, que marcaram uma época. Porque, como tudo o que é efectivamente relevante (e apenas o tempo pode julgar), tornou-se um ponto de viragem. Para quem não leu não o vou aqui estragar. Basta dizer que os X-Men, na sua equipa mais famosa, envolvem-se na mais emblemática e trágica das suas sagas.

Queria aqui enaltecer e elogiar esta fantástica edição portuguesa publicada pela Levoir e Publico, finalmente revelando, numa edição cuidada e bem traduzida para português de Portugal, este apogeu da Arte de Claremont e Byrne, que ajudaram, com este pequeno/grande passo, a amadurecer os Comics (por apenas 8,90€ - que excelente prenda de Natal). Já lá vão há muito os anos em que pela primeira vez li esta história nos saudosos Superaventuras Marvel (vários números) e Grandes Heróis Marvel n.º7 da editora Abril, mas esta edição faz finalmente jus à grandiosidade do expressivo discurso de Claremont e aos emblemáticos desenhos de Byrne (que pena nenhum dos dois continuar nesta forma, principalmente o segundo).

Esta leitura é muito mais que obrigatória! É divertida!

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